Como cidadão, eleitor,
contribuinte e advogado, fiquei estarrecido ao ler a notícia mais recente sobre
o caso Demóstenes-Cachoeira. Indo direto ao ponto - o Senador pediu que
Cachoeira quitasse uma dívida de R$ 3.000,00, obtendo a concordância deste.
Aproveitando o ensejo, Cachoeira pede a Demóstenes que “dê um olhada” num
processo concluso ao Desembargador Alan Sebastião de Sena, “um pulinho lá” (no
gabinete), referindo-se a um processo contra um delegado e agentes da Polícia
Civil acusados de tortura e extorsão.
Demóstenes chama Cachoeira de “professor”,
e este se refere a aquele como “Doutor”.
Cachoeira pede ainda que o
Senador verifique um projeto de lei pendente de julgamento no Plenário da
Câmara, intervindo junto ao então presidente da Câmara, Michel Temer. O projeto
trata de jogos de azar.
Demóstenes era um político de
muito prestígio no meio, e eu, inclusive, daria meu voto a ele para qualquer
cargo que se candidatasse. Todos esses acontecimentos recentes desmoralizam
mais ainda nossa (podre) política, onde até mesmo aqueles que julgamos íntegros
têm o rabo preso, e participam de conchavos ardilosos que só fazem o país dar
marcha ré.
É cada vez mais notório que a
corrupção está muito, mas muito longe de ser banida do nosso país. Está cada
vez mais claro que as coisas não se ajeitarão tão cedo. É de uma clareza solar que o Brasil
é o país dos arranjos, da enganação, da podridão dos esquemas, do conluio, da
falta de caráter. O país dos “espertos” se mostra um mar de falcatruas que não
secará nunca.
Todo esse imbróglio fortalece uma
triste verdade – políticos usam de influência para tentar mudar decisões judiciais,
para alterar leis e os projetos, e para obter qualquer tipo de vantagem. A
política já sabemos que carece de credibilidade, e a cada notícia, o judiciário
se mostra igualmente suscetível.
Esperto mesmo era Tom Jobim, que
deve ter pedido uma boa dose ao garçom, empunhado o violão e ajeitado os
óculos, ao dizer uma das frases mais corretas
sobre nosso país – “O Brasil não é para principiantes.”
Ps.: leia a notícia do O Globo
que inspirou esse texto aqui.
Thiago Pena
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