sexta-feira, 30 de março de 2012

O Brasil não é para principiantes. Demóstenes que o diga.




Como cidadão, eleitor, contribuinte e advogado, fiquei estarrecido ao ler a notícia mais recente sobre o caso Demóstenes-Cachoeira. Indo direto ao ponto - o Senador pediu que Cachoeira quitasse uma dívida de R$ 3.000,00, obtendo a concordância deste. Aproveitando o ensejo, Cachoeira pede a Demóstenes que “dê um olhada” num processo concluso ao Desembargador Alan Sebastião de Sena, “um pulinho lá” (no gabinete), referindo-se a um processo contra um delegado e agentes da Polícia Civil acusados de tortura e extorsão.

Demóstenes chama Cachoeira de “professor”, e este se refere a aquele como “Doutor”.

Cachoeira pede ainda que o Senador verifique um projeto de lei pendente de julgamento no Plenário da Câmara, intervindo junto ao então presidente da Câmara, Michel Temer. O projeto trata de jogos de azar.

Demóstenes era um político de muito prestígio no meio, e eu, inclusive, daria meu voto a ele para qualquer cargo que se candidatasse. Todos esses acontecimentos recentes desmoralizam mais ainda nossa (podre) política, onde até mesmo aqueles que julgamos íntegros têm o rabo preso, e participam de conchavos ardilosos que só fazem o país dar marcha ré.

É cada vez mais notório que a corrupção está muito, mas muito longe de ser banida do nosso país. Está cada vez mais claro que as coisas não se ajeitarão  tão cedo. É de uma clareza solar que o Brasil é o país dos arranjos, da enganação, da podridão dos esquemas, do conluio, da falta de caráter. O país dos “espertos” se mostra um mar de falcatruas que não secará nunca.

Todo esse imbróglio fortalece uma triste verdade – políticos usam de influência para tentar mudar decisões judiciais, para alterar leis e os projetos, e para obter qualquer tipo de vantagem. A política já sabemos que carece de credibilidade, e a cada notícia, o judiciário se mostra igualmente suscetível.

Esperto mesmo era Tom Jobim, que deve ter pedido uma boa dose ao garçom, empunhado o violão e ajeitado os óculos, ao dizer uma das frases mais corretas  sobre nosso país – “O Brasil não é para principiantes.”

Ps.: leia a notícia do O Globo que inspirou esse texto aqui.


Thiago Pena










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